sábado, 27 de dezembro de 2008

Natal envirusado


O meu primeiro Natal nas urgencias do hospital. Foi um tanto ou quanto diferente de estar à volta da árvore a distribuir prendas mascarado de velho gordo da coca-cola. Mas felizmente a baixinha não tinha nada de especial, só uma gripalhadazita da praxe das que andam por aí.
Têm sido umas noite engraçadas. Para ela. Para mim, têm sido noites sem dormir. Sou um zombie.
Mas pelos vistos já tá melhorzita. e aprendeu uns truques novos. Esperta, a gaja, tem bem a quem sair! Logo digo maiqualquercousa sobre isso.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Ai, o que o álcool faz a este pobre rapaz...


Mais um ano, mais uma festa da Harley-Davidson no Kaxaça, mais uma bubadeira à moda antiga. Same old same old, para não variar. Note-se o estado ébrio pela imagem apresentada.
A pobre Cat Lady não tinha culpa, mas foi catada na mesma.
Pró ano há mais.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Pais Natal Motards em Alverca


Mais um ano, mais uma voltinha por Alverca pelos desfavorecidos, novos e velhos, a levar prendas, companhia, dois dedos de conversa, e a recolher os lanchitos que nos iam servindo, a paz de alma fabulosa e o sentimento de ter feito alguma coisa boa, para variar. E de moto, o que é bem porreiro, juntar o agradável ao agradável. E já agora, é também útil. Foram putos a dar as voltinhas-carrocel na HD, foram os idosos a ter companhia, com o added bonus de que este ano a miniatura, que obviamente também foi, já anda. Assim, e sendo outra vez a heroína da festa, tal com0o no ano passado, passeava-se por entre novos e velhos, distribuindo alegria, e recolhendo mimos.
Foi bom lavar a alma outra vez.
No final, jantarada com pessoal amigo, e festa Harley-Davidson no Kaxaça. Essa vem já a seguir, sem muito para contar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dois anos... foda-se...


Ainda sem palavras suficientes. Ainda não esquecido. Ainda não consegui lá voltar para ir ver a Virago. Tá complicado continuar a arranjar desculpas para não ir lá ao centro...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Acabou-se a Palhaçada

Dass, que são chatos! E como os chatos que são, vão mas é para o marsapo, como dizia o outro, que é lá que os chatos vivem!

Bom, o destino tarda mas não falha... um mês depois, regressei para meter ordem na casa, que já merecia.

Haja paciência...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Iris Erectus


Gradualmente vai abandonando a lçocomoção a quatro membros para iniciar a deslocação em apenas dois. A evolução natural, tal como a de quatro rodas para as duas rodas.

É uma espécie de motociclo em potencial.

O facto é que vai perdendo o medo, e já dá um passito aqui e outro ali sem andar agarrada.

Vai sendo o orgulho do pai.

E o pesadelo, porque quanto mais facilmente se locomove, mais rapidamente se desloca a locais com coisas para destruir.

Aprender a subir escadas foi umja má ideia. Andar vai ser bonito, vai...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Porra, já há quase 3 semanas que não tinha férias!


Já estava a ficar complicado, estava-me a passar!!! Bom trabalho para todos vós...

Uma dúvida me assalta, com este tempo fabuloso, este sol explêndido que se faz sentir em Outubro...

Vou à praia, ou fico-me pela piscina?

Aguardo o vosso input.

E façam o favor de não levar o input para conotações sexuais inadequadas!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Não Vote em Branco



Post pseudo-político misturado com piada racista pelo meio (não é bem pelo meio, é um bocadito mais à direita, o que contrasta com a cor política do gajo de cor, que é mais à esquerda, mas isso, como dizia a outra, agora não interessa nada) para mostrar a minha esperança de que este gajo seja melhor do que a abécula que está à frente dos destinos do mais poderoso e mais parvo país do mundo. Não que acredite muito nisso, apesar de achar que pior não pode ser. apesar de que essa gente (políticos, não os pretos) têm sempre formas fantásticas de surpreender o povinho.

Tenho para mim que vai mudar a cor (política... não sejam mauzinhos!) mas a merda (e isto não é um trocadilho com a cor do Osama - perdão - Obama) vai continuar a mesma, mais coisa menos coisa. De qualquer forma, não posso votar, porque não sou amerdicano, mas se pudesse, votava, e não votava em branco. Eileen, vota por mim!

Boa viagem até Houston, pessoal. Mandem lá um vaivém para me vir buscar depois para te fazer uma visitinha.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um motard que conduz uma Virago é um Motard do Carago

Com a burra na revisão, ando agora a matar saudades da Verdadeira...

E relembrar-me como andar numa Virago 1100 é tão divertido. É picarrucha, é certo, podia ter um guiadorzito mailargo, e chegar as peseiras mais páfrente, tá bem...

Mas aquele motorzito é delicioso.

Aquela ciclística é inigualável seja em que ferro for.

A forma sensual como se move entre os carros, a lascívia com que quer devorar a estrada livre à frente, a brutidez com que arranca de um semáforo, a delicadeza do bailado que faz nas curvas...

Estou a adorar recordar.

Não há mesmo moto cumá Virago, carago!!!

O único ferro japonês realmente original, e mesmo uma pena, e uma parvoíce terem acabado com aquilo.

Mas eu não sou gajo de marketing, não percebo nada dessas coisas de vendas e lucros, e quejandos...

Sobra o desgosto de não ver uma coisa daquelas modernizada, mas fica sempre o gostinho de ter uma coisa que já não se faz mais...

Obrigado Dinomyte

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Vomitado do Morto


Atropelado
Ou assassinado
Estava no meio da estrada, deitado
Morto, morrido, matado
Vem um cão, e mija-lhe na testa
E mesmo ao lado
No empedrado
O vomitado
O vomitado do morto

Uma massa espessa
Mesmo junto à cabeça
Parecida com nada que se pareça
De frango, só uma peça
Chegam os pardais, começam a debicar
Não têm respeito por quem faleça
Era mesmo ali ao lado
Que estava o vomitado
O vomitado do morto

Terá sido antes de morrer
Que da garganta se lhe viu a escorrer
Aquela mescla de bebida e comer?
Ou depois de falecer?
Fica a pergunta sem resposta.
Pelo menos até ver.
Até ser analisado
Todo aquele vomitado
O vomitado do morto

Se foi depois de finar
Foi um espasmo muscular
Que causou o regorgitar
Ou então uma bolha de ar
Causada pela decomposição
Das bactérias já a actuar
O que teria provocado?
Aquele vomitado?
O vomitado do morto

Vêm então os CSI
Saber o que se passou ali
Ver as provas, recolher o morto e
Depois, na morgue, com o bisturi
Abri-lo, e fazer-lhe uma autópsia.
Mas há algo que não sai dali.
Continua por ali espalhado
O vomitado
O vomitado do morto

Já no laboratório
Analisam o gregório
E descobrem que é notório
O contraditório
Entre o ADN do vomitado e o do morto.
Então e agório?
Tem que ser investigado
De quem é o vomitado
Que afinal não é do morto

Por ali antes passou
Alguém que vomitou
Ou
Alguém pensou
Que tinha piada vomitar em cima de um morto

Em todo o caso foi provado
Que não era do finado
Todo aquele vomitado
O vomitado não era do morto

Era de um bêbado que por ali tinha passado cinco minutos antes e foi ao gregório.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Rotina matinal


Outro dia, como em todos os dias de trabalho, a mulher acorda-me de manhã, com a garota, quando vai a sair. Despeço-me delas, e viro-me para o outro lado, à espera que a mulher me ligue quando chegar ao trabalho, para eu me levantar de vez.

Assim foi. Passados 45 minutos, ela liga. Eu desligo o telemóvel, levanto-me, arranjo-me, cabedal em cima, agarro na moto, e vai de ir pró trabalho.

A meio do Eixo Norte-Sul, com um solinho fabuloso, e a passar no meio dos carros, ponho-me a pensar que sorte tenho eu de ir de moto pró trabalho, e de não ficar horas infindáveis no trânsito.

Até que me bate de repente.

"Moto?

Mas como é que eu posso estar de moto, se a porra da moto está na oficina?!"

E pronto.

Acordei.

Já 10 minutos depois da hora a que devia estar no trabalho.

Boa...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Viagem: Rescaldo


Algumas consideraçõezitas finais sobre o resultado da maluquice, segundo uns, feito heróico cheio de coragem, para outros, um passeio bastante divertido, para mim.

Guito: não tenho noção exacta de quanto gastei, porque sou um despistado completo, mas estimo que tenha sido à volta de €1500-€1800 com tudo, souvenires (bastantes) e cerveja (mais ainda) incluídos. Só estes dois items foram bastante superiores à diferença entre as minhas duvidas na estimativa.

A moto: portou-se impecavelmente. Um chaço com 20 anitos foi e veio com muito poucas mazelas, somente um parafuso do amortecedor traseiro partido, e já só nos ultimos dias. Aguentou-se muito bem à jarda, e está já pronta para outra.

Km: foram 6700, mais km menos km. Estive a fazer contas, e se não me tivesse perdido as vezes que me perdi, e a viagem inglória à fronteira com a Croácia, tinha poupado à volta de 600km. Mas cada um deles, tirando o desespero em Barcelona, valeu a pena!

A companhia: foram 3 voltou um de cada vez. É pena, não foi como estava previsto fazer, mas cada um teve os seus motivos para fazer o que fez, mais do que válidos, e não há ninguém a julgar ninguém. Continuamos amigos como dantes.

A solidão: há muitos anos que não me lembro de estar sozinho assim, e não creio que alguma vez tenha estado. Um ou outro dia, talvez, mas nunca dez. Foi uma sensação estranha, principalmente porque quem me conhece sabe que eu gosto de estar sempre rodeado de pessoal, para mal dos meus pecados e de quem está comigo, por vezes. Mas apesar de tudo, serviu para eu me pôr em ordem comigo mesmo. Ou não. Se calhar, até para me baralhar mais ainda. Não tenho bem a certeza. Mas fiquei a compreender melhor quem anda assim sozinho, e não é assim tão mau fazer o que se quer quando se quer. A solidão só se notava quando estava parado, pelo que, tirando Faaker See, optei por sempre rolar o mais possível, fosse para onde fosse. Conheci-me melhor a mim mesmo, e até gostei do que vi. Apesar de ter plena consciência de que fui uma pessoa, e voltei outra. Imperceptível para muitos, mas tenho plena consciência de que sim.

Voltava a fazer o mesmo, sabendo que ia ficar sozinho?

Sem dúvida.

Arrancava daqui sozinho?

Nem pensar.

Porquê?

Boa pergunta...

Há 27 dias que não passo uma única noite sem sonhar que estou a andar de moto...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Iris, um ano...


Não vou mentir-te.

Os meus braços são pequenos. Não podem proteger-te do Mundo.

Quando cresceres, vais achar que és muito magra, ou muito gorda. Muito baixa, ou muito alta. Vais achar que ninguém gosta de ti.

Vais marcar um encontro com o giro do liceu e vai aparecer-te uma borbulha nova nesse mesmo dia.

Vais pensar que os professores embirram contigo, ou que todos te acham nerd.

Vão oferecer-te tabaco e outras coisas, e vais querer experimentar para parecer “fixe”.

Vais ter amigos. Vais perder amigos. Vais apaixonar-te. Vais desapaixonar-te.

Vais revoltar-te. Vais afirmar que ninguém te compreende.

Vai querer ser livre. Vais achar-te adulta antes de o seres.

Vais chegar tarde a casa. Vais escrever mal de mim num diário abonecado ou pior, num blog.

Vais discutir, pensar, gritar, dançar, amar, odiar, rir e chorar.

E eu não vou impedir nada disso.

Na tua vida, filha, quero que ames, quero que rias, quero que penses e quero que chores.

Não quero que tudo seja fácil para ti. Quero que dês valor a tudo que alcançares.

Quero que descubras o valor da amizade, do amor, da saúde e da vida.

Quero que lutes pelos teus ideais.

Eu não posso proteger-te da dor, mas quero ensinar-te a superá-la.

Não posso proteger-te da revolta, mas quero mostrar-te como enfrentá-la.

Não posso dizer-te o sentido da vida, mas ajudo-te a procurar.

Não posso fazer com que todos gostem de ti, mas posso gostar de ti por muitos.

Hoje fazes um ano, e o teu maior problema é meterem-te na cama quando não queres ir dormir.

Por agora, é assim.

Mas quando precisares de mim para algo mais do que isso, eu estou aqui.

Amo-te.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Morte Magnética


Não tá bom nem tá mau, muito pelo contrário. Não está a porcaria que foi o St. Anger, numa tentativa frustrada de fazer qualquer cousa de Nu Metal que até já nem estava na moda na altura, nem está pop (salvo seja) como o Load e o (Re)Load, mas também não está nenhum Master of Puppets ou um Ride The Lightning.

Parece-me mais um Black Album, mas um bocadito mais pobrezinho. Se não fosse Metallica, era um album que concertyeza ia passar despercebido.

Não tem nada que eu preveja que de futuro se tornará épico, como em todos os albuns até ao Black, e mesmo uma coisita ou outra da dupla Load/(Re)Load.

É uma tentativa de volta às origens, mas em vez de nesse regresso tentarem com a sonoridade antiga criar coisas novas, tentam somente recriar coisas antigas escarrapachadoramente, e nem tentam sequer disfarçar.

O Unforgiven III é para esquecer. O Day That Never Comes é uma spitting image do One, mais pobrezita, mas com todos os elementos do mesmo. Mais do mesmo? Se fosse ainda se desculpava, mas parece-me é menos do mesmo...

De resto, prontos, tá bem, ouve-se bem, tem ritmo e força, a bateria do Lars voltou ao normal (thank heavens!!!) e volta a ser reconhecível.

Mais um album pouco mais do que banal de uma super banda que ao vivo continua a puxar multidões... e eu vou lá no meio arrastado.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Viagem: um regresso aliciante


A viagem foi fantástica. Não tenho palavras para descrever tudo, as que deixei aí mais abaixo são parcas para tudo o que vi, tudo o que senti, tudo o que experimentei. Sei que fui um, e voltei outro. Sei que estou, que sou diferente agora.

E aproveitei a viagem também para descobrir mais uma coisa sobre mim, e sobre a miniatura, mais uma vantagem de se ter uma coisa destas.

Até agora, nas viagens que fiz, a parte da volta era sempre a mais chata, a pior, porque quanto mais se aproximava do fim, mais havia a sensação de que estava a acabar, e de voltar à rotina, e a motivação ia morrendo, tornando-se às vezes numa tortura, a viagem de volta.

Pela primeira vez, a volta aliciou-me tanto ou mais até do que a ida, porque se à ida o objectivo era chegar onde quer que fosse, à volta, o objectivo era voltar a ver aquele sorriso fantástico e impagável. E isso dava-me sempre alento em cada dia, tornando o final da viagem tão desejado como o destino da mesma.

E se lá fora há paisagens fabulosas, a voltinha deste fim de semana lembrou-me que cá também temos cenários que não têm preço, dos quais vos deixo a amostra acima.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Viagem: Dia 13 - Algures a 100km da Fronteira -> Alverca (Finalmente!)


Acordo com as bombas a abrir, e está um frio do camandro. Acho que na viagem toda não apanhei tanto frio. Destrancam a casa das máquinas, e é mesmo para lá que eu vou arrochar mais um bocadito, pelo menos até haver sol...

Oito horas lá me levanto, atesto, agradeço, e arranco dali pra fora, com pressa para sair deste país estúpido sem bombas abertas a horas decentes.

E porque também o aparecimento do sol não fez nada para acabar com este frio absurdo que se sente hoje. Para ajudar, uma ventania descomunal...

Em Badajoz, atesto outra vez. 100km. 10L. Não admira muito, quando esses 100km foram feitos entre os 170-190... Não há milagres.

Em Elvas, finalmente um café digno desse nome, depois de tantos dias. E uma torradita e um galão para ajudar a aquecer, que está ainda um frio do camandro, embora já não tão camandro como estava quando arranquei. São os ares do Alentejo...

No tasco, reparo numa coisa esquisita que já não via há tanto tempo, e que agora percebo que nem sequer me lembrei durante estas duas semanas que existia: uma televisão. Estranho mais ainda pelo facto de o gajo estar a falar português... Já não ouvia disso há algum tempo, a não ser quando me punha feito maluco a falar sozinho.

Sigo para Évora, onde uma pequena mas excelente comitiva me dá as boas vindas a terras Lusas. É o Ramon e o Hulk dos MotoXaparros, que me levam a encher o bandulho. Obrigado, pessoal...

Dois ou três deditos de conversa, e siga, que é dia de trabalho, para eles, e dia de chegar a casa, finalmente, se tudo correr bem, para mim.

Já não digo nada!!!

O resto foi uma viagenzita sem incidentes pela nacional, atravessar a Vasco da Gama, e chegar a casa.

Matar saudades. Da graúda também. Mas especialmente da miniatura. Entranhou-se bem a gaja, e duas semanas longe fazem mossa...

Home sweet home.

Hoje foram 361km.

Acabei com 6.700km.

Pró ano há mais...

Chegada a Portugal

Évora, a caminho dos morfes

Hulk e Ramon, comitiva de boas vindas

Home sweet home, logo a seguir à ponte

Viagem: Dia 12 - Pinera -> Alverca?


Hojo é que é... É hoje que chego a Alverca. São 1.300km, sem bares bikers pelo caminho!

Pequeno almoço no hotel, com bolsos grandes, para poder levar também o almoço e o jantar. Mando dois berros à puta da mulher da limpeza que não pára de me chagar os cornos a dizer que eu tenho que me despachar, até que ela resolve ir chatear outro. À saída, devolvem-me a espada.

Arrisco ainda um cafezito no Correcaminos para a despedida, e felizmente, apesar de mais uns dedos de conversa, lá me consigo escapulir dali pra fora. Siga pela marginal até Barcelona. Com o intuito de não entrar na cidade, senão, já sei que vão ser mais duas horas para conseguir sair dali...

Engano-me, e entro pela cidade adentro.

Duas horas para sair dali.

Farto de cimento e trânsito. Começou mesmo a dar-me o badagaio, a certa altura... Quero natureza, quero campo, quero estrada aberta! Senti-me ali completamente claustrofóbico.

Quando finalmente saí, apanhei a nacional e apanhei verde à beira da estrada, fiz uma estirada de 220km. Só não fiz mais porque tinha que abastecer, antes que por algum infortúnio ficasse sem gasosa.

Mas óbvio que isso não vai acontecer, com tantas bombas que há por aqui... Foi mesmo só para não arriscar. Apesar de ser uma parvoíce pensar que não vou encontrar uma bomba aberta...

Vou encontrando vários grupos de HD's pelo caminho, que se dirigem à concentração Big-Twin de Castellón. Também gostava de ir, mas o tempo já escasseia. O Sol vai torrando.

Em Sagunto, acontece-me mais uma coisa que já não me acontecia há muito tempo...

Perco-me dentro da cidade.

Vale-me o TeleGPS, desta vez, via Capitão.

Mais uma estirada de 230km até El Picazo. Pelo caminho, apanho um por do Sol fabuloso, o ultimo que vou ter na viagem, e o mais bonito até agora. O céu parece estar em fogo. E tenho direito ainda a um encore, porque o Sol se põe por detrás das nuvens, no horizonte, e reaparece depois por debaixo delas. Até o Sol se despede de mim!

Em El Picazo, atesto, já a anoitecer. Ainda fazia mais uns kms, mas encho aqui. Não que vá ficar sem gasolina, com tantas bombas à beira da estrada... É a segunda vez na viagem toda que abro a reserva. A primeira foi na estirada anterior.

Sigo em direcção a Ciudad Real, pela nacional, passando por Manzanares.

Manzanares é uma cidade, na qual eu não quero entrar para não me perder, tento ir à volta.

Não é preciso dizer mais nada, pois não?

Uma hora depois lá saio de Manzanares em direcção a Ciudad Real.

Entretanto, passam-se 180km sem um unico posto de abastecimento aberto. Lá encontro um, e atesto.

Mau...

Bom, mas também só faltam 340km até Badajoz... portanto só preciso mesmo de mais umas bombas, e estou em casa, o resto pode estar fechado à vontade...

Passam-se 210km. Abro a reserva. Não há um unico posto aberto. Se calhar é melhor baixar o ritmo dos 130 para os 80, 90, para fazer mais uns km à procura de umas bombas.

240km, já na reserva... Não devia ter feito aqueles km todos nos 150/160... A reserva já tá a acabar.

Porra.

Ando a vapores.

São 4 da matina.

Estou a 100km da fronteira. Já não me safo. Ainda não é hoje.

Vou ter que ficar a chonar aqui nas bombas fechadas, e esperar que abram de manhã para atestar.

Hoje fiz 1073km.

Vou com 6339km no lombo.

Marginal até Barcelona

Só para não dizer que não tirei nenhuma foto em Barcelona

Daqui prá frente, pôr do Sol, e céu em fogo













Mosquitada ao fim do dia

Viagem: Dia 11 - Narbonne -> Alverca?


Estes gauleses são doidos!!! Às sete da manhã já estão no supermercado para irem às compras!!!

Bom, não me faço de rogado, e vou também com a maralha, aproveitar para tentar comer alguma coisa decente para o pequeno almoço, fazer a barba, lavar a sovaqueira. Uns croissaints e umas talochas de fiambre, mais um litro de leite, e tá aviado. Enquanto tomo o meu merecido repasto, um sujeito andrajoso dirige-se a mim, e começa a falar francês para mim. Surprendendo-me a mim mesmo, não só o consigo perceber, como até ele próprio me percebe também! É um sujeito viajado, anda há 30 anos a dar umas voltas pelo mundo, por aqui e por ali, ficando onde calha o tempo que se sentir bem. Aquilo que eu andei a fazer estes ultimos dias, portanto, mas em larga escala. Um modo de vida com que eu me identificava perfeitamente, e na volta o que me safou disso, foi mesmo ter constituído família. Fiquei ali ainda durante um bom tempo a partilhar com ele histórias e o meu pequeno almoço. contou-me como há 20 e trocos anos foi até ao Cabo Norte numa não sei quantas 125. Foi ali uma horita bem passada. Despedimo-nos, ele foi para a sua 4L e eu montei-me na moto e segui viagem.

O tempo está porreiro, solzito, mas ainda sem estar a torrar. Vou rezando para que a gasosa dê até entrar em Espanha, onde sempre fica maibarato atestar.

Ao meio dia estou a passar a fronteira, na Junqueira. A gasosa chegou, atesto agora aqui. Ainda fiz ali uma estradita porreira até à fronteira, nos restos dos Pirinéus.

Bom, vai ser um esticãozito, e vou andar a noite toda, mas é hoje que faço uma etapa épica e chego a Alverca.

Desço pela nacional II em direcção a Barcelona, que além de paisagem bonita e umas curvitas jeitosas, tem também umas (muitas) jeitosas com curvitas na paisagem.

São putas, á beira da estrada, e há mais delas do que marcos de kilometragem!!! Já tinha visto coisas semelhantes pelo nosso burgo, mas é uma ou outra quando o rei faz anos espalhadas algures... Ali, é de 500 em 500m, com cadeirinha, guarda-sol, mesita, tudo a preceito, tudo a que têm direito. Menos roupa, essa é que era pouca... por isso é que deviam estar a li, a ganhar uns trocos para comprar uns trapitos para se taparem melhor... imagino que sim.

Ou na volta, até eram guias turísticas...

Fiquei sem saber, também não perguntei.

Quero é chegar a Portugal hoje.

Passando por Pinera, vejo um bar biker à beira da estrada, de que o Capitão já me havia falado. O Capitão que entretanto já tinha chegado a Lisboa há uma semanita atrás, esqueci-me de o referir há uns dias atrás, quando ele me avisou. Foi ele, aliás, que me traçou o caminho de volta desde Montpellier. Um bem haja ao homem do leme por SMS. Quanto aos outros viajantes, não sei nada deles, nunca mais disseram nada. Espero que esteja tudo bem, e deve estar, porque as más notícias correm depressa.

Voltando a hoje, o bar biker.

Pensei "bom, é um desperdício não para aqui. Vou beber uma, tirar umas fotos para mais tarde recordar, e por-me a caminho, não me posso demorar muito".

É uma da tarde.

.......


São quatro da tarde.

Já bebi 4 canecas de cerveja. Já almocei. Já bebi um jarro de Sangria. Já bebi um café com rum. Já bebi 3 shots de Jack Daniels. Já tenho um quarto de hotel marcado, já lá tenho as tralhas dentro. Já tenho a noitada organizada.

Porra, o que é que aconteceu aqui?!...

Rewind.

Entrei no Correcaminos, o tal bar.

Muito porreiro, bem decorado. Estão lá bikers espanhóis, que começam a meter conversa típica do de onde vens, para onde vais, depois de oferecerem uma cerveja. Lá contei mais ou menos a minha jornada, e ficámos na conversa, que foi puxando conversa. Depois não me deixaram mais sair dali, dizendo que hoje eu não ia ser um motociclista solitário, porque o espírito é mesmo esse, de não conhecer o pessoal, mas respeitar a atitude, e conviver, conhecer.

E é. Foi espectacular o espírito que encontrei ali. Não consegui, nem queria ir embora.

Fiquei nos copos com o pessoal até às sete, mais com o Angel, que tratou de organizar as coisas, e não me deixou pagar.

Às sete, já bem tratado, para o hotel, para me pôr de molho, e descansar um bocadito, que a noite prometia. Um detalhe, a espada teve que ficar na recepção, provavelmente tinham medo que eu fosse estraçalhar alguém...

Isto está mau.

Estou debilitado, e o álcool está a fazer efeito. Ou então o quarto está mesmo a girar...

E a noite ainda nem sequer começou. Literalmente...

Por volta das dez vêm-me buscar. Trinca-se qualquer cousa, bebe-se muito, até o ultimo bar fechar. Depois, disconight com eles.

Mas musicas de macarenas e afins suportam-se durante 15 minutos, com muito esforço. Desculpei-me com o cansaço, e ala que é cardoso para o hotel ali mesmo ao lado.

Acabei por não chegar a alverca hoje, com este pequeno precalço... Mas amanhã, é de certeza!!!

Dos cerca de 1500km previstos para hoje, fi-los quase na totalidade... faltaram-me só 1234km.

Assim, hoje foram 266km.

No total, já lá vão 5266km.

No seguimento do suspense da minha dormida hoje, isto era a minha perspectiva quando acordei

Hell's Angels em Girona?

O Bar Biker Correcaminos

O interior do bar

Eu, o angel e o Pepe

Já no bar da praia, o Angel e o Coiso


E pronto, desfeito o mistério, foi mesmo aqui a minha camita na noite passada! Abrigado da chuva, abrigado do vento (não eu), aquecido pelo motor da moto, saco cama, e siga pa bingo.

Viagem: Dia 10 - Génova -> Narbonne


Acordo pelas 7 com o verdadeiro despertador biker: o reflexo do sol nos cromados. Com um acordar destes, o dia tem que correr melhor do que ontem!

Também não é muito difícil...

Pequeno almoço, uma barrita de isostar e um café auto-aquecível, que considero ser a oitava maravilha do mundo, btw, não sei como é que não entrou ainda no nosso mercado (nem em mais nenhum, porque só vi isto à venda em Espanha, mesmo), arrumar a trouxa, e cá vou eu.

AE até Génova é um espectáculo, já que de AE tem pouco... São curvas e contracurvas, com velocidade limitada a 90km/h, no meio de tuneis e viadutos. Comecei aqui a tentar contá-los.

Pelo caminho, vou tirando umas fotos, em andamento. Já há alguns dias atrás falei da simpatia dos motociclistas franceses, que cumprimentam todos, embora em França o cumprimento pode ser o tradicional V, ou com o pé, principalmente quando nos ultrapassam.

Mas pelos vistos são adaptáveis.

Num dos viadutos, estico o braço esquerdo o mais que posso para cima, para tirar uma foto.

Nisto, sou ultrapassado por um motociclista francês, que ao ver-me de pata esticada, lá deve ter pensado que na minha terra é assim que se cumprimenta o pessoal das motos. Vai daí, passa por mim também com a pata toda esticada, e desaparece assim.

Boa onda.

Por volta das onze e meia, estou a chegar a França, e dez minutos depois, estou no Mónaco. Dos túneis, perdi-lhes a conta lá para os oitenta e picos, mas estimo que tenham sido entre 120 e 130, algures por aí, em cerca de 200km desde que eu arranquei de Génova.

No Mónaco, atesta-se, e bebe-se uma buja a €6.50 no mesmo tasco, o Bambi, onde estive há uns dias atrás. O empregado reconhece-me, e chama o patrão, que é o dono da HD lá do sítio, ou o presidente do motoclube de HD's lá do sítio, acabei por não perceber bem, já que o meu francês não é nada de extraordinário. Bem podia ter oferecido a porcaria da bujeca.

Hoje decido-me por Montpellier, um objectivo modesto, a ver se o consigo ultrapassar outra vez.

Mais uma voltinha pelo Mónaco, para conhecer aquilo de dia, outra vez o circuito urbano de F1, e siga pa bingo, para Nice, e em direcção à minha saudosa estrada de Cannes para St Raphael.

Novamente fico maravilhado com aquilo, embora feita do lado de fora seja, por motivos óbvios, bem melhor, uma vez que vamos do lado do mar.

Tento recriar a filmagem que fiz em Faaker See, mas a tecnologia não é de ponta, e resulta em filmagens frustradas. Sem problema, ficam as memórias que nunca se esquecem. A não ser que aquele alemão com nome esquisito que já não me lembro me resolva fazer uma visita.

De St Raphael a St Tropez, pesadelo de marginal, por causa do trânsito, que eu já sabia que ia ser assim, mas enfiei-me lá na mesma, só para ir à beira-mar. Mas se calhar não devia ter ido, e aproveitava melhor as estradas que estavam para vir. Das oito e meia às onze, 200km. Depois, e mesmo com as paragens no Mónaco e em Cannes para comer, 130km até às seis e meia da tarde foi um bocado demais... Azar, prá próxima, escolho melhor...

Assim, em St Tropez, apanho novamente a estrada do precipício eterno para Toulon, mas desta vez, do lado de fora, sem nenhuma protecção, só o penhasco mesmo, e a anoitecer. Pura adrenalina...

De Toulon para Aubagne, mais uma fabulosa estrada de montanha, que eu já tinha feito no sentido inverso de dia, agora faço-a à noite. curvas fantásticas, piso espectacular. Muito bom, mesmo... Só tenho pena de não a ter feito de dia outra vez, mas não se pode ter tudo...

Ao chegar a Marselha, sou flashado. Primeira vez, que eu tenha reparado, espero que aquilo depois não me vá ter a casa.

Já em Marselha, deparo-me com um túnel que atravessa a cidade toda, estilo túnel do Marquês, mas de gente, não do Portugal dos Pequeninos. Hesito se apanho o túnel ou não e passo a saída.

Volto para trás em contramão, numa manobra marada.

Lá entro no túnel outra vez.

Portagem à americana, bem giro... um cone largo, para onde se atiram as moedas, e abre a cancela. Dois euros e trocos.

Já dentro do tunel, começo a ver que há dezenas de saídas, e eu sem fazer a mínima ideia de qual é a minha... Uns km dentro do túnel, faço um um-dó-li-tá e escolho uma saída.

Dez kms depois, vejo que a minha estrelinha da boa sorte não me abandonou hoje, e estou na saída certa... Siga para Montpellier.

No manómetro, vejo a moto a fazer os 47.000km... Parece que ainda ontem tinha feito os 46.000... Bom, se calhar parece, porque foi mesmo ontem que fez os 46.000! Na volta é isso...

Chegado a St Gilles, vejo que a aldeia está em festa, e aproveito para parar a moto num tasco para beber uma, são dez e meia, onze e meia locais. Encontro um grupo de checos que vem também de Faaker See, e que iam para a concentração do BigTwin de Castellón. Estavam já de saída, mas ficam mais um bocado, e pagam-me uma jola. Conversamos practicamente em linguagem gestual, porque o português deles não é lá muito famoso, o meu checo está meio enferrujado, e só um deles é que arranha muito mal o inglês. Mas acabamos por nos entender. Mais ou menos. Acho eu. O que vale é que a linguagem da cerveja, tal como a das motos e... qual é a outra?

Ah, a música, é isso....

...é universal.

Depois dos checos darem de fuga, passam os franciús, que já estavam ali há algum tempo a olhar prá gente com ar desconfiado, à conversa comigo. Estão fascinados com a espada que eu trago, e em como é que eu ando com aquilo às costas. Lá me pedem para contar a história da minha viagem, de onde sou, de onde venho, para onde vou, a história da moto, que é a melhor do mundo, porque é a minha, etc e couves. Um deles é um ex-81, mostra-me a tatuagem no braço, e a avó dele é de Tomar. Apesar disso, não fala tuga. Eu lá me desenrasco com o meu francês mal amanhado. Pagam-me um cafezito, indicam-me mais ou menos o caminho, e sigo por estradas que nem secundárias são, mas com piso bem porreiro, até Montpellier.

No meu destino, olho para o relógio, avalio o meu estado físico, e decido continuar mais uns kms, até onde der. Já deram entretanto uns ameaços de chuviscos, o melhor é mesmo por-me a andar. Marco o próximo passo até Berzier, que são mais uns 70km.

Chego até Narbonne, já com o corpo a começar a queixar-se, e a chuva a ameaçar. Encontro um abrigo, do qual vos deixo uma foto e dou um prémio a quem descobrir o que é, desde que não seja um dos que já sabe... Mas abriga-me da chuva.

Hoje foram 704km.

Estou com exactamente 5.000kms desde que arranquei.

Segundo dia seguido que ultrapasso o objectivo. Isto está a correr bem, vou chegar a Portugal num instante, provavelmente, já amanhã, com um bocadito de esforço, são só 1.500km mais cousa menos cousa...

A esta obra prima sequencial, vou-lhe dar o nome original de:
O Túnel

Aqui, temos a aproximação

Aqui temos a aproximação, mais próxima, já. De notar que logo a seguir, há outro túnel

Aqui temos a aproximação ainda mais próxima

Aqui rolamos já dentro do túnel

Aqui vemos a luz ao fundo do túnel

Aqui estamos a sair, e vemos a luz ao princípio do túnel

E voilá, lá ficou o túnel para trás. Venha o próximo.

O lado direito do viaduto

O outro lado direito do viaduto

Mónaco, a chegada

No Mónaco a primeira Rocker que vi ao vivo

De novo no Bambi, bar com nome de macho para ponto de encontro do pessoal das harleys locais

Ainda no Bambi

À porta do Bambi

Estátua do Fangio no Mónaco

O final do circuito urbano de F1

Mónaco ainda

Ainda mais Mónaco

Túnel todo em calhau, fresquinho que é uma maravilha, quase a sair do Mónaco

Um Fiat 600 do Benfica

Mónaco, à saída

Villefranche... Vila Franca, portantos

Mais Villefranche... Vila Franca, portantos

E mais Villefranche... Vila Franca, portantos

Cannes

Um estabelecimento intrigante, no mínimo, em Cannes

Num miradouro, entre Cannes e St Raphael

Os nossos amigos (e frisar bem "os nossos amigos") das scooters devem deixar as chaves na caixa antes de abastecer.

Que belos amigos que esta gente tem...

E aqui está a prometida foto da pista de onde eu chonei, em Narbonne. Note-se ali o solzito a nascer. Alguém que ainda não saiba, quer tentar adivinhar?