quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Viagem: Dia 10 - Génova -> Narbonne


Acordo pelas 7 com o verdadeiro despertador biker: o reflexo do sol nos cromados. Com um acordar destes, o dia tem que correr melhor do que ontem!

Também não é muito difícil...

Pequeno almoço, uma barrita de isostar e um café auto-aquecível, que considero ser a oitava maravilha do mundo, btw, não sei como é que não entrou ainda no nosso mercado (nem em mais nenhum, porque só vi isto à venda em Espanha, mesmo), arrumar a trouxa, e cá vou eu.

AE até Génova é um espectáculo, já que de AE tem pouco... São curvas e contracurvas, com velocidade limitada a 90km/h, no meio de tuneis e viadutos. Comecei aqui a tentar contá-los.

Pelo caminho, vou tirando umas fotos, em andamento. Já há alguns dias atrás falei da simpatia dos motociclistas franceses, que cumprimentam todos, embora em França o cumprimento pode ser o tradicional V, ou com o pé, principalmente quando nos ultrapassam.

Mas pelos vistos são adaptáveis.

Num dos viadutos, estico o braço esquerdo o mais que posso para cima, para tirar uma foto.

Nisto, sou ultrapassado por um motociclista francês, que ao ver-me de pata esticada, lá deve ter pensado que na minha terra é assim que se cumprimenta o pessoal das motos. Vai daí, passa por mim também com a pata toda esticada, e desaparece assim.

Boa onda.

Por volta das onze e meia, estou a chegar a França, e dez minutos depois, estou no Mónaco. Dos túneis, perdi-lhes a conta lá para os oitenta e picos, mas estimo que tenham sido entre 120 e 130, algures por aí, em cerca de 200km desde que eu arranquei de Génova.

No Mónaco, atesta-se, e bebe-se uma buja a €6.50 no mesmo tasco, o Bambi, onde estive há uns dias atrás. O empregado reconhece-me, e chama o patrão, que é o dono da HD lá do sítio, ou o presidente do motoclube de HD's lá do sítio, acabei por não perceber bem, já que o meu francês não é nada de extraordinário. Bem podia ter oferecido a porcaria da bujeca.

Hoje decido-me por Montpellier, um objectivo modesto, a ver se o consigo ultrapassar outra vez.

Mais uma voltinha pelo Mónaco, para conhecer aquilo de dia, outra vez o circuito urbano de F1, e siga pa bingo, para Nice, e em direcção à minha saudosa estrada de Cannes para St Raphael.

Novamente fico maravilhado com aquilo, embora feita do lado de fora seja, por motivos óbvios, bem melhor, uma vez que vamos do lado do mar.

Tento recriar a filmagem que fiz em Faaker See, mas a tecnologia não é de ponta, e resulta em filmagens frustradas. Sem problema, ficam as memórias que nunca se esquecem. A não ser que aquele alemão com nome esquisito que já não me lembro me resolva fazer uma visita.

De St Raphael a St Tropez, pesadelo de marginal, por causa do trânsito, que eu já sabia que ia ser assim, mas enfiei-me lá na mesma, só para ir à beira-mar. Mas se calhar não devia ter ido, e aproveitava melhor as estradas que estavam para vir. Das oito e meia às onze, 200km. Depois, e mesmo com as paragens no Mónaco e em Cannes para comer, 130km até às seis e meia da tarde foi um bocado demais... Azar, prá próxima, escolho melhor...

Assim, em St Tropez, apanho novamente a estrada do precipício eterno para Toulon, mas desta vez, do lado de fora, sem nenhuma protecção, só o penhasco mesmo, e a anoitecer. Pura adrenalina...

De Toulon para Aubagne, mais uma fabulosa estrada de montanha, que eu já tinha feito no sentido inverso de dia, agora faço-a à noite. curvas fantásticas, piso espectacular. Muito bom, mesmo... Só tenho pena de não a ter feito de dia outra vez, mas não se pode ter tudo...

Ao chegar a Marselha, sou flashado. Primeira vez, que eu tenha reparado, espero que aquilo depois não me vá ter a casa.

Já em Marselha, deparo-me com um túnel que atravessa a cidade toda, estilo túnel do Marquês, mas de gente, não do Portugal dos Pequeninos. Hesito se apanho o túnel ou não e passo a saída.

Volto para trás em contramão, numa manobra marada.

Lá entro no túnel outra vez.

Portagem à americana, bem giro... um cone largo, para onde se atiram as moedas, e abre a cancela. Dois euros e trocos.

Já dentro do tunel, começo a ver que há dezenas de saídas, e eu sem fazer a mínima ideia de qual é a minha... Uns km dentro do túnel, faço um um-dó-li-tá e escolho uma saída.

Dez kms depois, vejo que a minha estrelinha da boa sorte não me abandonou hoje, e estou na saída certa... Siga para Montpellier.

No manómetro, vejo a moto a fazer os 47.000km... Parece que ainda ontem tinha feito os 46.000... Bom, se calhar parece, porque foi mesmo ontem que fez os 46.000! Na volta é isso...

Chegado a St Gilles, vejo que a aldeia está em festa, e aproveito para parar a moto num tasco para beber uma, são dez e meia, onze e meia locais. Encontro um grupo de checos que vem também de Faaker See, e que iam para a concentração do BigTwin de Castellón. Estavam já de saída, mas ficam mais um bocado, e pagam-me uma jola. Conversamos practicamente em linguagem gestual, porque o português deles não é lá muito famoso, o meu checo está meio enferrujado, e só um deles é que arranha muito mal o inglês. Mas acabamos por nos entender. Mais ou menos. Acho eu. O que vale é que a linguagem da cerveja, tal como a das motos e... qual é a outra?

Ah, a música, é isso....

...é universal.

Depois dos checos darem de fuga, passam os franciús, que já estavam ali há algum tempo a olhar prá gente com ar desconfiado, à conversa comigo. Estão fascinados com a espada que eu trago, e em como é que eu ando com aquilo às costas. Lá me pedem para contar a história da minha viagem, de onde sou, de onde venho, para onde vou, a história da moto, que é a melhor do mundo, porque é a minha, etc e couves. Um deles é um ex-81, mostra-me a tatuagem no braço, e a avó dele é de Tomar. Apesar disso, não fala tuga. Eu lá me desenrasco com o meu francês mal amanhado. Pagam-me um cafezito, indicam-me mais ou menos o caminho, e sigo por estradas que nem secundárias são, mas com piso bem porreiro, até Montpellier.

No meu destino, olho para o relógio, avalio o meu estado físico, e decido continuar mais uns kms, até onde der. Já deram entretanto uns ameaços de chuviscos, o melhor é mesmo por-me a andar. Marco o próximo passo até Berzier, que são mais uns 70km.

Chego até Narbonne, já com o corpo a começar a queixar-se, e a chuva a ameaçar. Encontro um abrigo, do qual vos deixo uma foto e dou um prémio a quem descobrir o que é, desde que não seja um dos que já sabe... Mas abriga-me da chuva.

Hoje foram 704km.

Estou com exactamente 5.000kms desde que arranquei.

Segundo dia seguido que ultrapasso o objectivo. Isto está a correr bem, vou chegar a Portugal num instante, provavelmente, já amanhã, com um bocadito de esforço, são só 1.500km mais cousa menos cousa...

A esta obra prima sequencial, vou-lhe dar o nome original de:
O Túnel

Aqui, temos a aproximação

Aqui temos a aproximação, mais próxima, já. De notar que logo a seguir, há outro túnel

Aqui temos a aproximação ainda mais próxima

Aqui rolamos já dentro do túnel

Aqui vemos a luz ao fundo do túnel

Aqui estamos a sair, e vemos a luz ao princípio do túnel

E voilá, lá ficou o túnel para trás. Venha o próximo.

O lado direito do viaduto

O outro lado direito do viaduto

Mónaco, a chegada

No Mónaco a primeira Rocker que vi ao vivo

De novo no Bambi, bar com nome de macho para ponto de encontro do pessoal das harleys locais

Ainda no Bambi

À porta do Bambi

Estátua do Fangio no Mónaco

O final do circuito urbano de F1

Mónaco ainda

Ainda mais Mónaco

Túnel todo em calhau, fresquinho que é uma maravilha, quase a sair do Mónaco

Um Fiat 600 do Benfica

Mónaco, à saída

Villefranche... Vila Franca, portantos

Mais Villefranche... Vila Franca, portantos

E mais Villefranche... Vila Franca, portantos

Cannes

Um estabelecimento intrigante, no mínimo, em Cannes

Num miradouro, entre Cannes e St Raphael

Os nossos amigos (e frisar bem "os nossos amigos") das scooters devem deixar as chaves na caixa antes de abastecer.

Que belos amigos que esta gente tem...

E aqui está a prometida foto da pista de onde eu chonei, em Narbonne. Note-se ali o solzito a nascer. Alguém que ainda não saiba, quer tentar adivinhar?

7 comentários:

Anónimo disse...

Está demais a tua história Ventoínha!
Devias partir amanhã de novo só para continuares a botar parlatório no blog!

Eu acho que dormiste ao pé dos carrinhos do supermercado... não percebo porque não escolheste outro sítio mas de certo que era o que se arranjava.

Continuação de boa viagem!

Daddy disse...

Isso cheira-me a umas grades de ferro sobrepostas...

acertei?

Anónimo disse...

É uma vacaria... ou então a broxeria, pois deves ter-te sentido em casa, não?

Hulk Motoxaparro disse...

eu sei mas não digo ... lol
Hulk

Anónimo disse...

O blog tá muito fixe.
A unica coisa que o estraga é esse gajo muita feio que apareçe em algumas fotos.
Podia ser pior. Olha se o gajo se lembra de apareçer em todas?

hehehehehehehe

Anónimo disse...

Boa tarde. Embora não tenha tido vagar para vasculhar o blog, tenho me divertido bastante a ler a sua viagem que está muito bem escrita com direito a imaginarmos quase todos os acontecimentos. Dou-lhe os meus mais sinceros parabéns. Conheco bastante bem Marselha e fartei-me de rir com a vossa entrada nessa cidade mágica que é Marselha. Mas garanto-lhe que aqueles guettos como o sr lhe chamou, comparado com os nossos, os nossos são uma brincadeira. ehehehe Um dia quando tiver vagar hade correr o sul de França e ir a Biarritz e aí sim é que poderá fazer comprações com outras praias. (Custa-me a crer na analogia da Baía de Cascais, mas sou suspeita porque francamente adoro França.) Quando for avise-me que por lá tenho direito a cama e roupa lavada e os meus companheiros de viagem tiveram sempre os mesmos direitos que eu. Eu de carro e o sr de moto, que andar de moto nem que me oferecessem o euromihões.
Fico então à espera desta sua aventura, estou com uma enorme curiosidade em saber o que aconteceu aos outros 3 companheiros e se se voltaram a encontrar.
Quanto à foto, conhecendo um pouco de França (ou não) arrscaria ou a gare ou a praça do Peixe e legumes lá do sitio, vulgo mercado.
Parabéns pela viagem e pelo blog. (se ninguém acertar pelo menos diga quem esteve mais perto da verdade).

Anónimo disse...

isso tem pinta de carrinhos de supermercado... quando estão todos alinhadinhos á espera de clientes...