quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Viagem: Dia 4 - Carcassonne -> Marselha


Primeira noite porreira num camping, sem frio de maior ou melgas. Acorda-se já relativamente tarde, umas dez horas, e já o resto do pessoal está a pé, o casalito já foi inclusivé visitar o castelo e anda por lá.

Refresca-se a sovaqueira, e ala para o castelo dar uma voltinha. Aquilo é realmente lindo, tudo por dentro, um Óbidos ao cubo, mais cuidado, mas também mais turístico. Muito Hans Christian anderson. O Castelo dentro e fora faz-nos pensar que estamos em Camelot. Lojas onde me perco, cheias de figuras e armas medievais, e se pudesse levava tudo.

Limito-me a uma espada de uma espécie de esferovite cor de rosa para a piquena, e para mim, uma réplica de uma espada do Séc XII, bem afiada, que dá um aspecto porreiro posteriormente na moto, na viagem. Mais umas voltas por dentro das muralhas, e abanca-se numa esplanada a beber umas loiras, e a decidir o próximo destino. De Lisboa vêm notícias algo alarmantes. Podemos seguir em frente, como previsto, e iremos apanhar tempestade e trovoada. Ou podemos voltar para trás e fazer a costa espanhola, e apanhar trovoada e tempestade. À novamente equacionada hipótese de voltar para trás, segue-se em frente.

Desce-se do castelo em direcção às motos, não sem antes passar à beira das muralhas do castelo para apanhar amoras, que por lá havia em abundância, para o almoço.

Passa um comboio turistico, e a malta mete-se a fazer um duelo à beira da estrada, com a espada réplica e a espada cor de rosa, com o Papamuros a relatar para os turistas "And on your left side now, you can see a medieval sword fight". Um sucesso fotográfico para o pessoal no comboio.

Duas da tarde, já no camping, almoça-se, improvisando novas receitas de enlatado. Uma pequena sestazita, que o calor e a barriga cheia estavam a convidar, e às três e meia ala que é cardoso.

Para sair de Carcassonne, menos mal, foi só uma meia horita, debaixo de um sol ardente, que não adivinhava nada chuva nenhuma.

Mas depois, mais 50km à frente, começam os primeiros borrifos. Receosos, os valentes param para vestir os fatos de chuva. Menos eu, convicto que vestir o fato de chuva dava muito trabalho e ia ser uma perda de tempo. No final do dia, alguém ia ter razão.

Certo é que um bocado mais à frente, o calor abrasador faz-se sentir outra vez, e os fatos de chuva não ajudavam grande coisa a dissipá-lo, para gáudio do gajo que não ouviu os conselhos dos outros.

A meio caminho, em algures, uma terra de sonho, para a a qual ainda estivemos tentados a fazer um desvio, mas decidimos mantermo-nos no plano original (do dia, que o original mesmo que demorou tantos meses a fazer foi às favas ainda antes de arrancar com as motos no primeiro dia). Atravessamos o sul de França sempre por nacionais, atravessando terreola atrás de terreola, por estradas bem conservadas, na sua maioria, e bem bonitas. Vêem-se motos por todo o lado, todos practicamente sem excepção cumprimentam, coisa que há muito se perdeu em terras portuguesas, e os automobilistas facilitam a passagem constantemente, e com agrado. O país mais civilizado em relação a motos por onde passei, sem duvida.

Em Montpellier, visto o avançado da hora, decidimos ir pela AE até Marselha, a ver se não ficamos apeados.

Continuamos pela nacional.

Perdemo-nos em Algures.

Voltamos para trás para outro Algures.

Sem saber como, lá chegamos a Nimes, e aí, apanhamos a AE. Mas fazemos uns 20km, e desistimos de AE, seguimos pela nacional.

É noite já quando chegamos a Marselha, e a saída que escolhemos para entrar não terá sido talvez a mais feliz. Damos por nós algures numa mistura entre Casal Ventoso, Picheleira e Martim Moniz de Marselha, sem saber como sair dali.

Uns km mais à frente, Polícia. Porreiro, ali concerteza em segurança conseguimos alguma informação.

Passamos discreta e rapidamente pelo posto, quando vejo que está fechado e completamente vandalizado. Muito acolhedora, esta cidade...

Mais à frente ainda, o quartel dos bombeiros, menos mal, está aberto. São onze da noite, paramos as motos à entrada para ir tentar falar com eles (leia-se: mandar a Inês falar com eles, que é a unica que fala francês).

Dentro do quartel, andam feitos malucos a fazer stunt riding com as motos dos bombeiros.

De repente, tocam as sirenes, e saem disparados dois camiões dos bombeiros de dentro do quartel. Por precaução, desviamos as motos o mais possível, antes que sejam atropeladas.

Consegue-se finalmente chegar à conversa com os bombeiros. Ao perceber que somos portugueses, um deles ilumina o rosto, afirmando que sabe falar português.

Alto e bom som, exclama "CARALHO!". E pronto, o seu vocabulário luso limita-se a essa palavra. Já não é mau.

Informam-nos que camping por ali é mais do tipo esquece lá isso, não existe, e o mais perto fica a 30km... para trás.

Porreiro.

Com o avançar da hora, havemos de ter uma sorte fabulosa.

A tentar sair, o Papamuros finalmenmte consegue fazer o que tentava desde quase o início da viagem: fornicar o alforge, mas desta vez, com ajuda da mota do Capitão. Remenda-se o que se pode, e siga para Carry.

Carry é uma pequena vila à beira-mar plantada, turística, com parque de campismo, vários hotéis e motéis, uma marina, um jardim bonito, um bar medieval porreirinho.

Pena é que às dez tudo fecha, menos o jardim e o bar, que dura até às três.

Isso descobre-se depois de várias voltas por Carry à procura de sítio para dormir.

Acaba-se por se decidir pelo jardim, que até tem uns banquinhos de pedra com aspecto confortável e fofinho.

Afogam-se as mágoas do dia no bar, o Carry The King, conhecemos o Claude, o bêbado lá da terra, que nos paga os copos, e tenta conversar connosco (tenta, porque a comunicação foi practicamente inexistente, não por falta de insistência da parte dele ou vontade nossa... mas se francês já é mais ou menos difícil de entender para nós, francês enrolado é pior ainda).

Sem jantar, que entretanto nos esquecemos dele, enfraquecidos pelo cansaço, e duas canecas e trocos para cada um, foi o suficiente para todos apanharem uma bubadeira, que acabou por dar para a parvoeira. Os pormenores ficaram um pouco perdidos, mas as gargalhadas corriam soltas nas gargantas dos aventureiros.

O bar fecha quando finalmente nos conseguem expulsar por volta das três e trocos da matina. Aquele jardim está bastante mais acolhedor agora do que parecia há umas duas horas atrás.

O casalito esperto resolve ficar nos bancos do jardim, enquanto eu e o Capitão armados em espertos resolvemos ficar na relva bem mais apelativa.

Capitão adormece sentado.

Eu acordo passado uma hora, por causa do efeito diurético do sumo de cevada. Enquanto trato do assunto, começo a ouvir uns sons esquisitos, algo metálicos, na noite: "Tchk.... Tchk.... Tchk..Tchk..TchkTchkTchkTchk........"

Porra.

Acordo o Capitão a pontapé, e salvo-o mesmo à ultima da hora.

Raispartóraio dos regadores.

Resto da noite no banco de jardim, a sonhar com os anjos, e a rezar para não acordar com as costas partidas.

Hoje fizeram-se 397km, muitos deles às voltas em Carry e Marselha à procura de poiso.

No total vamos com 2049km.

E havia de ser o "nosso" ultimo total.

Carcassonne, de espada cor de rosinha

Carcassonne, curiosidades

Carcassonne, apanha da amora

Carcassonne, apanha da amora com instrumentos próprios

Mais Carcassonne, à espera do comboio dos turistas

Excalibur

Stretching.... ou pelo menos, quero acreditar que sim...

Vai chover, é melhor meter o fato de chuva

Vai chover, é melhor meter o fato de chuva...

Vai chover?! Vai tu!!! Quem és tu para me mandar ir chover?!

Ameaço de chuva a caminho

Bela terra à qual ainda poderámos uma visita


Capitão Zarolho, menos mal, que estes óculos, que já eram os segundos, ainda tiveram arranjo

Nacional, em Algures, até Marselha

O tasco em Carry

O tasco em Carry

O sorriso com que correram connosco do tasco

Ele não está a mandar mensagens... Ele adormeceu assim.

Os vagabundos, na cama fofinha dessa noite

O outro vagabundo a quem salvei a pele ao pontapé

3 comentários:

Pedro Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Xuxi disse...

mas ja acabou? estava a curtir tanto conta lá tudo em resumos, se em fasciculos é mais dificil...
graNDE AVENTURA....LINDO !

Anónimo disse...

n acabou, ele volta segunda.