sábado, 4 de setembro de 2010

Dia 1: Alverca - Lérida?



Acordar cedinho, seis e picos da matina, com um bom descanso de hora e meia. Fresquinho, fresquinho. Tudo feito com calma, chega o outro par de cavaleiros do asfalto prontos para a maratona que se avizinha. O detalhe do pacote de tintol pendurado no pisca fica um must, mas eu aviso que não dura muito. O Matos discorda. O tempo encarregar-se-á de dar razão a um de nós.

Uns dedos de conversa, uma mini pró pequeno almoço e um café para acordar, fotografias da praxe antes de arrancar, e lá conseguimos arrancar, incrivelmente,  só com duas horas e meia de atraso. Nada mau!!! 
 
Atestar as burras que também merecem alguma coisita, e siga para apanhar a AE até Badajoz. Um solinho que está uma maravilha a antecipar uma viagem do camandro acompanha-nos estrada fora. Uma paragem rápida em Vendas Novas para reabastecer burras e estômago, e já agora para também comprar um mapa, não vá a gente perder-se pelo caminho. O GPS do Matos parece que funciona, mas nunca fiando, que isto das novas tecnologias nunca se sabe.

Siga pa bingo, que agora só paramos em Elvas para a ultima mini e o ultimo café de jeito da viagem. E um pão, daqueles bem pães, para atacar o paio maravilha que o Matos traz ali embrulhado...

Bebe-se um ultimo café, ataca-se uma mini, e compram-se mais umas quantas, a rezar para que não aqueçam muito nos poucos km até depois da fronteira onde vamos atestar novamente burras e estômago.  Com vontade de andar e não parar, aparece um cavalo numa rotunda que nos obriga a parar. E depois outro. E mais outro.

Porreiro.

Uma manif de cavalos. Durante uns bons vinte minutos ficamos a apreciar os bichos, eram às dezenas, mais os seus cavaleiros e cavaleiras. Animal imponente. Tá giro, mas à torreira do sol, começava a aquecer. E a torrar.

Lá passaram, e lá seguimos viagem. Bombas em Badajoz para atestar as burras. Nas traseiras, uns blocos de betão organizaram-se para fazer uma confortável mesa e bancos de piquenique e atacou-se o pão, o paio e as minis que ainda estavam razoáveis, mas que tiveram que ser bebidas rapidamente antes que aquecessem. Um manjar dos Deuses!

Findo o repasto, era uma e trocos, decide-se ir beber uma ao bar da HD em Mérida, que o Matos conhece bem. Sendo assim, vou eu, confiante atrás dele, até à primeira saída para Mérida. E depois até à segunda. E depois até à terceira. E ficamos num entra e sai da  estrada por mais umas quantas saídas, e perdidos no meio de Mérida. Até que se desiste, volta-se à estrada e segue-se viagem. Vemos a ultima saída para Mérida e decide-se seguir em frente. Uns metros depois, avistamos no cimo do monte o tal bar da HD... A rir-se para nós e a dizer-nos adeus... Pois, a única saída que não usámos era a única saída que lá ia ter...

Estamos agora em Trujillo, a meio da tarde, a combater o calor numas bombas. fizemos 400km e estamos a meio da tarde, já a começar-se a ver o fim. Faltam 700km que nunca vamos cumprir, obviamente. Hoje vamos ficar a ver Lérida por um canudo, amanhã logo se vê. Vamos até onde der, provavelmente Toledo e pouco mais.

Segue-se viagem, e perto de El Canzada, ou que raio de nome tinha aquela terra, uma explosão vermelha na traseira da moto do Matos acabou por me dar razão a mim. Explodiu o pacote de vinho, e acabou bor embebedar o alcatrão em vez das nossas sequiosas goelas.

Acabamos por nos perder e não vamos a Toledo, obviamente. Escolhemos Madrid, e escolhemos entrar em Madrid em vez de ir pela circular à volta. Até porque se não entrássemos em Madrid, não nos íamos perder durante três quartos de hora a tentar sair de Madrid. Obviamente.

Mais uns kms, ja a caminho outra vez, o primeiro precalço... Embreagem da Royalstar começa a dar de si. Experiente mecânico amador como sou, fico a ver o que é que ele faz, porque não faço puto ideia do que é que se faz numa situação destas.

Era óleo, uma fuga algures. Ginástica do camandro para endireitar a moto de forma a que fique toda torta mas com o depósito de óleo direito, enche, tapa, e está pronta para mais uns km.

Por volta das dez e picos, encostamos num dos muitos hotéis que pululam à beira da estrada. Tá na hora de descansar um bocadito, que a jornada foi grande e com pouco descanso. Amanhã há mais. Garagem pás motos, maravilha.

Caminha para descansar a tola, porreiro. Uma banhoca para lavar o corpo e dar paz à alma. Não há água.

Foda-se.

Reclama-se, ah e tal, logo se arranja isso, dizem eles.

Não arranjaram. Não havia água em lado nenhum.

Que se lixe, amanhã é outro dia.

Atravessar este bocado de Espanha é sempre um suplício. As estradas são porreiras, valha-nos isso, mas a paisagem árida e desinteressante torna a viagem algo monótona. Mas é um sacrifício que temos sempre que fazer para ir a qualquer lado, infelizmente. São sempre dois dias disto, um pra lá, outro pra cá.

Estamos algures perto de Saragoça. Fizemos 850km hoje. Não foi mau, podia ter sido pior...

Os 1100km previstos ficaram um bocadito longe, mas amanhã recupera-se.

Tenho fé.

 A meio do primeiro dia, tão inocentes ainda...

O repasto em Badajoz, com mini tuga
O piquenique em restaurante de luxo

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