terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Vomitado do Morto


Atropelado
Ou assassinado
Estava no meio da estrada, deitado
Morto, morrido, matado
Vem um cão, e mija-lhe na testa
E mesmo ao lado
No empedrado
O vomitado
O vomitado do morto

Uma massa espessa
Mesmo junto à cabeça
Parecida com nada que se pareça
De frango, só uma peça
Chegam os pardais, começam a debicar
Não têm respeito por quem faleça
Era mesmo ali ao lado
Que estava o vomitado
O vomitado do morto

Terá sido antes de morrer
Que da garganta se lhe viu a escorrer
Aquela mescla de bebida e comer?
Ou depois de falecer?
Fica a pergunta sem resposta.
Pelo menos até ver.
Até ser analisado
Todo aquele vomitado
O vomitado do morto

Se foi depois de finar
Foi um espasmo muscular
Que causou o regorgitar
Ou então uma bolha de ar
Causada pela decomposição
Das bactérias já a actuar
O que teria provocado?
Aquele vomitado?
O vomitado do morto

Vêm então os CSI
Saber o que se passou ali
Ver as provas, recolher o morto e
Depois, na morgue, com o bisturi
Abri-lo, e fazer-lhe uma autópsia.
Mas há algo que não sai dali.
Continua por ali espalhado
O vomitado
O vomitado do morto

Já no laboratório
Analisam o gregório
E descobrem que é notório
O contraditório
Entre o ADN do vomitado e o do morto.
Então e agório?
Tem que ser investigado
De quem é o vomitado
Que afinal não é do morto

Por ali antes passou
Alguém que vomitou
Ou
Alguém pensou
Que tinha piada vomitar em cima de um morto

Em todo o caso foi provado
Que não era do finado
Todo aquele vomitado
O vomitado não era do morto

Era de um bêbado que por ali tinha passado cinco minutos antes e foi ao gregório.

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