sexta-feira, 30 de abril de 2010

Recordar é Viver: Jerez 2006



Mais uma ida a Jerez, mais uns dias cheios de peripécias... aos bravos que conseguirem ler isto até ao fim, as minhas saudações.

Prelúdio:

Terça feira

À procura de um pneu para trás na HD, que a lona já me estava a dizer olá há algum tempo, e com a chuva que ameaçava chatear o fim de semana inteiro, não era lá muito apetecível. (Sim, a história da portagem aconteceu aqui neste dia...)

Quarta feira

Pneu novo, na Ramada, às oito da noite, o ultimo que existia em stock. Sorte do caraças, não havia em mais lado nenhum.

Quinta feira

Salivo e tento não pensar que devia estar a seguir para Jerez logo de manhã, mas que quase à ultima da hora me fornicaram aqui no bules. Metade dos bravos da nossa caravana arrancaram hoje de manhã. Não correu lá grande coisa. Uma Intruder 1400 com o alternador a entregar a alma ao criador, e uma R1 com pouco mais de um mês a parecer um alien, com esguichos de líquido verde, tudo ao mesmo tempo, a meio da Serra de Aracena. Radiador furado. A Suzuki segue no reboque para Lisboa, a Yamaha leva com um qualquer tapa furos no radiador, e seguem viagem, com o infeliz condutor da Intruder a ter que se sujeitar a ir à pedura duma FJR. Mais uma ZX6 os acompanha na viagem de 17 horas até Jerez. Às 8 da manhã, deitam-se, já alcoolicamente bem dispostos. E eu a bulir, porcos badalhocos. Há-de eventualmente vir aqui parar uma cronica dessa viagem.

fim do Prelúdio; A Aventura

Sexta feira

Acorda-se bem disposto, vai-se bulir, mas ao final da tarde, está cpmbinado o encontro em Palmela às seis e meia da tarde para ir para a fiesta, com uma BT1100 (ex XJ600 que foi de empurrão até Jerez no ano passado, vide respectiva crónica, anda por aí algures), uma XJ600n, uma FZ6, uma GSXR750, uma Varadero, uma TL1000 e uma R1, ou CBR900, ou lá o que era aquilo. A meio da tarde, entre prantos, a BT1100c corta-se, os patrões fornicam-lhe o fim de semana, fica a bulir. A TL1000 e o outro tupperware conseguem-se safar depois do almoço, e arrancam logo. A GSXR750 nunca mais deu noticias. A Varadero também não.Ficam 3 motos para se encontrarem às 18.30 em Palmela.

Eu, como é hábito, chego às 20h.

Três motos seguem viagem, pela autoestrada, que se faz tarde. Seca do caroço, a viajar entre os 140 e os 150, com picos de 170, e sem baixar dos 130. Paragens em Portugal, só em Aljustrel, para beber o ultioimo café decente e a ultima cerveja de jeito.

A máquina de café está avariada.

F0da-se.

Atesta-se, e siga pra bingo. Entra-se em Espanha, e segue-se por ali adentro, à procura da primeira bomba para atestar com gasosa barata. Continua-se à procura de uma bomba. Começa-se a desesperar por uma bomba. Entra a HD na reserva, e não há bombas. Entra a XJ na reserva, e não há bombas. O pânico, às onze e meia, começa a apoderar-se lentamente de nós. Até ver uma placa a dizer Gibraleón, e bombas a 3.500m.

Fixe!!! Aleluia!!!

A FZ6 mete-se na frente, e falha-se a entrada para Gibraleón. Não tão fixe, e onde è que já vai o aleluia.

Mais 6kms até finalmente se ver um cambio de sentido. Vira-se para trás, e desta vez não se falha a saída para Gibraleón. Segue-se as placas até às bombas, com alegria renovada.

Com pânico renovado e redobrado, vemos as bombas fechadas...

Pára-se no largo, e faz-se contas à vida.

Pergunta-se a um carro que passa onde haverá umas bombas. A dez kms, pela nacional até Huelva. A FZ6, a unica que ainda não tinha entrado na reserva, é nomeada voluntária para fazer de batedor, já que se as bombas estiverem fechadas, as outras arriscam-se a não ter gasolina para voltar. E arranca.

Aqui, abrem-se duas histórias.

A do batedor, que segue pela estrada com piso horrendo, e lombas nas curvas, durante algum tempo, até chegar às ditas bombas... fechadas.

Pânico.

Estrada deserta. Ao lado das bombas, uma casa, cheia de neóns roxos e vermelhos, com corações. Bastante convidativa. A FZ6 entra na casa de put4s, e pergunta onde há bombas abertas. Mais um kmzito à frente, já em Huelva. Vai até lá, confirma, e regressa.

Entretanto...

Uma HD e uma XJ600n esperavam, sozinhas no largo, à noite, sem mais ninguém.

Eis quando de repente se inicia o que mais parecia um enredo de filme porno. Autenticamente.

Um Seat Ibiza azul escuro, metalizado, aproxima-se de nós lentamente. Limpo, imaculado, parecia acabado de vir do stand. Olho para a matrícula, e solto um berro: "TUGAS!!!!!"

O veículo pára. Desce a janela. Olha-se lá para dentro. Três Deusas. Três gajas boas cumó milho, e vestidas a condizer, bem produzidas, bem maquilhadas. Gajas. Com uma vozinha sumida, a condutora pergunta: "Vocês não sabem onde há aqui uma bomba de gasolina? É que nós já estamos a vapores, e o carro não faz mais 10kms sequer..."

Esfrega-se os olhos, olham um para o outro, e... soltam, uma gargalhada sonora. "Pois, isso acontece muito por aqui... estamos à espera de outro amigo que foi à procura, esperem aqui connosco..."

E esperaram. Estacionaram o carro, e sairam. Tudo visto em camara lenta. Só faltava começarem a despir-se, ajoelharem-se, e tinhamos um filme porno. Mas não, ficamos na palheta e a rir com a situação, enquanto elas agradeciam, ainda meio a medo, a explicar que iam para Sevilha. Fazem-se apresentações, não se troca numeros de telefone porque estava lá a PIDE, e entretanto aparece a FZ6, a pedir para seguirmos atràs dele. Vamos até às bombas, atesta-se, mais uns dedos de conversa, elas eram de Portimão, tiram-se fotos com telemóveis ranhosos para recordar o momento, por um espanhol que tentava desesperadamente atestar, sem sucesso, porque enquanto não conseguisse acertar com o botão do telemóvel para tirar a foto, não saía dali, o que ainda demorou um bom bocado. Mais uns dedos de conversa, a FZ6 consegue arranjar os numeros de telemóvel e e-mail, dado que era o unico imune à PIDE (leia-se: Beta, minha mulher, sempre de olho atento e mão pronta a mandar uma bolachada ao primeiro comprometido que se tentasse fazer ao bife), descobre-se ainda que temos um amigo e um casamento em comum, em Maio, e finalmente cada um segue a sua vida, elas para Sevilha, nós para Puerto de Sta Maria.

[edit] À saída de Huelva, brigada, manda-nos parar. Deviam pensar que a gente vinha das put4s. Mas a FZ6 não deu tempo para pensarem nem fazerem nada, já que começou logo a contar a história da nossa viagem, a 467 palavras por segundo. La bofia deve-se ter assustado, porque não perguntou nada e mandou logo seguir viagem...[/edit]

Viagem até Sevilha debaixo de nevoeiro cerrado, a 80km/h, que faltavam 60 e poucos kms, e siga até à autoestrada com portagem.

Paga-se portagem, anda-se mais um pouco, entra-se na reserva. Sem problemas, uns kmszitos mais à frente, encontramos as bombas de La Paloma. Paramos, e tenta-se atestar. E começo, com Sin Plomo98. A XJ tenta meter Sin Plomo 95, ao que uma voz do além reaje, berrando que 95 já não há. Como a XJ tem o espanholês enferrujado, berra "Abre lá essa porra, que eu não vou fugir, pá!!!!". Após uma breve explicação minha, lá passa para 98. A minha bomba pára depois de 8 litros. A bomba da XJ pára depois de 5 litros. A bomba da FZ6 nem começa sequer.

Em uníssono, XJ, FZ6 e HD: "Abre lá essa porra, que eu não vou fugir, pá!!! «foram-se»!!!!".

Resposta: A gasolina acabou. Não há mais. Chupámos as ultimas gotas que por ali havia!!!

Agora têm que aguentar pelo camião cisterna, que há-de chegar daqui a 15 minutos, mas também pode ser daqui a uma hora e meia.

Espectáculo!!!

E isto são já duas da manhã. Espectáculo.

Faz-se contas à vida, e percebe-se a sorte que houve no meio de tanto azar: A HD, que era a que estava a gastar mais, levou oito litros. A XJ, que estava a gastar um pouco menos que a HD, levou 5 litros. A FZ6, que ainda não tinha entrado na reserva, foi a que não meteu.

Assim, e depois de um telefonema com a R1 do radiador furado, decide-se que nos vamos meter a caminho, nas calmas, sem passar dos 120.

Chega-se a Puerto de Sta Maria, atesta-se, a FZ6 segue oo seu caminho para o seu apartamento, e a HD mais a XJ vão prá bubadeira, ter com a R1 e a ZX6. Umas horas depois, vai-se meter as malas a casa, e às seis da matina, segue-se prá bubadeira, já acompanhados pela FJR, a TL1000, e o outro tupperware.

Mais umas aventurazitas, que não interessa contar para não se ferirem susceptibilidades, tanto dos envolvidos como dos leitores, e caminha lá prás dez e picos da matina. Numa de private, só digo... Ai, Margarida, tavas quase... mas não é para quem quer, é para quem aguenta!!!

Sábado

Acorda-se lá prás duas da tarde, vai-se tomar o pequeno almoço, bebe-se umas jolas, volta-se para agarrar as motos e seguir para Jerez, porque as informações sobre Puerto eram más, não sem antes um final de tarde no fabuloso relvado à frente do apartamento, no paleio. Em Jerez, comeu-se, bebeu-se, mirou-se gajas e motos, curtiu-se motos e copos, já que em Puerto não se podia curtir as motos, e foi bom... muito bom! Mais peripécias, que se me lembrar, depois conto.

Voltou-se para Puerto, não sem a FJR rabiar numa curva e aguentar-se, e a ZX6 rabiar na mesma curva, duas vezes, e não se aguentar, seguindo em frente, e parando a escassos centimetros do separador. Foi só o susto, recuperam-se todos, e segue-se viagem até Puerto. Bebem-se umas jolas, mas já estava praticamente morto. Que saudades de anos transactos!!!

Oito e picos da matina, xixi, cama, que amanhã é dia de viagem.

Domingo

Acorda-se lá prás duas da tarde, está o Capirossi a subir ao pódio. Olha, ganhou! ok. A TL1000 e o outro tupperware arrancaram cedo. Faz-se malas, preguiça-se um bocado, e finalmente resolve-se sair. Um pequeno almoço às cinco da tarde, e arranca-se, depedimo-nos de Puerto de Sta Maria, quiçá de vez, porque assim não vale a pena voltar. Para a póxima, fica-se mesmo em Jerez...

Viagem porreirinha, com umas motos à beira da estrada completamente carbonizadas, a meter medo, e segue-se até à entrada da autovia. Transito parado. Inferno à solta, na forma de uma carrinha a arder. Pegou fogo sabe-se lá como, mas conseguiu parar o transito e arder praticamente toda até chegarem os bombeiros. Na confusão, uma velha conhecida de CBR600 junta-se a nós durante o tempo que esperamos que a carrinha arda e abram a via. Uma meia hora depois, lá se segue viagem. Na serra de aracena, a fjr, a r1 e a zx6 dizem-nos adeus, que a gente encontra-se no fim da serra. O desgraçado da Intruder já vai à pendura de XJ.

A 15kms de Rosal de La Frontera, a ZX6 começa a deitar fumo do escape a a falhar. Pára tudo na berma, e quando chega a HD e a XJ, juntam-se ao grupo. Lá pegou novamente de empurrão uma moto, que seria de viagens sem motos a pegar assim? Em Rosal, atesta-se e somos infiltrados por duas CBR600 e uma GSXR. Ajuntam-se à gente para a viagem até Beringel, onde nos aguarda um autêntico petisco de pão alentejano, carne, minis (ai, cerveja tuga, que saudades eu tinha!) e CAFÉ, finalmente!!!

O tasco está fechado.

Boa.

Siga até Ferreira do Alentejo, e às onze e meia da nite, um pacato café é invadido por gente de cabedal a pedir de repente 17 bifanas.

Pânico do pessoal atràs do balcão.

Somos servidos às mijinhas, o que deu para mais uma horita ali, dois dedos de conversa e algumas minis (ai, que saudades eu tinha tuas!!!).

Uma XT(?) da terra ajunta-se, cumprimenta o pessoal conhecido, e escolta-nos depois, à saída, até à nacional, outra vez.

Nacional, autoestrada até à estação de serviço de Alcácer, em que pelo caminho ficam sós tristes e abandonadas a XJ e a HD... sem stress, deixós ir, cada um curte como quer, e o importante são os pontos de encontro. A r1 chega pela primeira vez aos 299. Em Alcácer, as despedidas. Até pró ano, mas em Jerez...

Acabou por não haver anos seguintes, foi mesmo o ultimo ano, este...

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